Crônica 11

Ela pediu pra esperar, e eu esperei. Uma conversa boba pela internet e eu já estava todo animado, todo esperançoso. “Já falo com você, amor” e então fiquei ali, inútilmente esperando o tempo passar, ansiando que ele de repente corresse desenbestado, acelerado como meu coração, mas não: ele escoava.
Dez minutos, quinze. Quanto será que leva pra alguém morrer de ansiedade? Não que eu estivesse transmitindo isso pra qualquer um que me olhasse, eu estava impassivo, completamente compenetrado no jornal on-line que eu lia, mas que nem conseguia entender, eu poderia ler vinte vezes a mesma coisas e as palavras não entravam na minha cabeça. E de cinco em cinco minutos, eu tinha que apertar alt e tab pra ver se ela tinha respondido. Já fazia um tempo que eu saia com ela, “tempo demais” eu pensei, mas era pouco tempo se visto pelos olhos de outra pessoa, poucos meses, mas o suficiente pra mudar completamente a vida de um homem. Tudo o que ela havia mudado em mim poderia se resumir a esse momento singular: eu aqui, sentado, esperando uma resposta no msn. A maioria das pessoas não perceberia o quanto isso é importante pra mim, mas a vida sempre foi vazia, sempre foi sem graça e eu nunca tive nada pra esperar, nunca tive nada pelo que ansiar ou aguardar, tudo sempre foi absurdamente simples e vazio, sem graça. Nada doía e tudo doía por isso mesmo. Mas agora tinha essa garota, a Laura, e caramba, como eu gostava dela, quando ela sorria as coisas mudavam, quando ela me abraçava dizendo que precisava de mim eu me sentia bem, quando dormiamos juntos era algo mágico, e os momentos que compartilhavamos ao acordar eram quase como num sonho, não por que era perfeito, mas era perfeito. Isso vindo de mim. De alguém que viveu a vida rindo de romanticos, que viveu a vida inteira desacreditando totalmente do amor, tinha que significar algo a mais, certo? Tinha algo de especial nisso… Por que não era meu. Não era eu. Era uma coisa além… E quando ela respondeu “Voltei” seguido de um coração eu podia jurar que esse era o sentimento mais sincero que alguém poderia sentir por outra pessoa. Eu não a queria, ela me tornava fraco, mas eu a queria pois ela me deixava feliz. Era o sentimento mais sincero por que ia contra tudo o que eu era e acreditava, mas ainda me deixava feliz.

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A proxima crônica é BEM foda. Aguardem.
Essa daqui mostra o mau se tornando bom.

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2 respostas para “Crônica 11

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