Simples Poema
Rafael Rabelo
Eu quero um poema simples
sem rodeios ou delongas
Sem mistérios e coisa do tipo
Quero um poema que se olhe
e entenda, que seja transparente
como vidro, como água, alma
Um poema risonho e brincalhão
que não busque resposta nem pergunta
poema não afetado, sincero
Poema feito jóia diamante
sem rima, sem metro, sem tamanho
sem dor, até, sem amor, só um poema
quero só falar da simplicidade
de viver, de ver o desabrochar
dos botões de rosas na primavera
Só quero uns versos toscos
sobre amar ser bom, ser feliz
e simples, quero versos retos
Um poema ingênuo de si mesmo
quero palavras puras de sabor
de candura, de desprezo de si
Quero palavras sinceras sobre
tudo, e sobre nada, por que
alguma coisa seria demais
quero poder falar dos copos
falar de óculos, de mesas
sem devaneios, sem rodeios
Não quero questionar nada
e talvez nem procurar, só
parar o mundo com as palavras
Quero o menos complexo
de si mesmo, do mundo, de tudo
Ah! Talvez nem queira coisa alguma
Mas, enfim, colho palavras no ar
e monto um poema como a alma pura
um poema sobre nada e coisa alguma
ou um poema sobre a verdade e doçura
.
.
.
Claro que escrever algo que tenha milhões de significados, ocultos, escondidos, à mostra etudo mais é bom, mas escrever só isso fere o conceito de poeta que tinha Fernando Pessoa. Devemos nós, os aprendizes, tentar ter de tudo um pouco em nós. Complexo e Simples. Ser você mesmo, sendo todos.
24 fevereiro, 2008 at 1:25 pm
É na simplicidade dos gestos, do olhar, do estender de mão, de um sorriso, de uma palavra dita, de um poema, de um quadro, onde reside toda a beleza. E, este é um poema simples, um poema belo!
Beijinhos
25 fevereiro, 2008 at 7:17 pm
Dificilmente vemos uma combinação tão bela de simplicidade e complexidade… A busca pelo sutil faz com que o poema tome várias formas, e até mesmo contradição, quando usa o mais completo jodo de palavras para relatar as coisas mais simples…
O que o torna mais belo ainda!!!!
Beijo!